Refletir sobre a função da gestão de pessoas hoje nas organizações é buscar compreendê-la desde o ponto de vista de suas origens, de atividades industriais incipientes e simples, impregnadas de premissas equivocadas do taylorismo, até as exigências atuais de nossa realidade, com intensa e complexa atividade industrial, numa economia globalizada e cheia de incertezas , onde se exige cada vez mais novos níveis de competência .
É essencial que o papel da gestão de pessoas seja baseado em um novo modelo que possa atender a atual realidade das organizações. Os valores fundamentais para esse modelo são:
1.Desenvolvimento:Presença de condições capazes de estimular tanto as pessoas como a empresa para um contínuo desenvolvimento, permitindo que ambos atuem em realidade mais complexas;
2.Satisfação mútua:a gestão de pessoas deve alinhar os objetivos estratégicos da organização com o projeto de vida das pessoas;
3.Consistência no tempo:oferecer parâmetros estáveis no tempo para que a empresa e as pessoas, mesmo numa realidade cada vez mais instável, possam se posicionar em diferentes contextos e momentos.
Esses valores geram as seguintes premissas conceituais importantes para a construção de um modelo de gestão de pessoas:
·Foco no desenvolvimento ao invés do controle. No referencial taylorista a gestão de pessoas se preocupava com o controle das pessoas por meio de diversos processos. Pressupunha um comportamento passivo das pessoas (controle de ponto, de entrada e saída, pontualidade, assiduidade, desconfiança do empregado etc.). A ideia era de relacionamento conflituoso entre empresa e empregado. Quando a empresa considera o empregado como parceiro e vice-versa, não há mais o foco de controle, mas sim de desenvolvimento. Há comprometimento das pessoas com a organização, proporcionando uma gestão mais flexível, descentralizada, com respostas mais ágeis e flexíveis. Dessa forma, a pessoa deixa o papel passivo e assume um papel ativo de forma compartilhada com a organização.
·Destaque nos processos para a obtenção dos instrumentos. Ao contrário dos modelos tradicionais que privilegiam mais as ferramentas do que os processos, nesse novo formato, mais comprometido com a realidade organizacional, os instrumentos são tratados de forma coadjuvante em relação aos procedimentos.
·O interesse conciliado distancia-se dos procedimentos rígidos e burocráticos. Dessa forma, a harmonia dos interesses entre empresa e pessoas para a obtenção do comprometimento das pessoas, colabora para um progresso mútuo.
·Realização de ações integradas e estratégicas. Nesse sentido, todas as partes da gestão de pessoas devem ser articuladas gerando um efeito sinérgico. Os processos dessa área devem funcionar como um todo. Além da integração, o modelo deve ter foco na área estratégica, influenciando e sendo influenciado pelo negócio da empresa.
Fonte: Apostila de Gestão de Pessoas, professor Antonio Cintra.